Exército adota tolerância zero diante do histórico de acampamentos e arruaças bolsonaristas
O Exército determinou tolerância zero para aglomerações em frente a quartéis durante o julgamento no STF do núcleo central do plano de golpe que tentou manter Jair Bolsonaro no poder. A medida também mira os atos convocados para o 7 de setembro, que coincidem com a análise do caso pela Primeira Turma da Corte.
A ordem, transmitida aos comandos de área, reflete o desgaste provocado pelos acampamentos bolsonaristas de 2022, quando extremistas acamparam diante de quartéis, bloquearam estradas, usaram fantasias, levantaram bandeiras de outros países, simularam marchas militares, promoveram churrascos, apelos religiosos e até comunicação com ETs. A cena, transmitida ao mundo, expôs constrangimento às Forças Armadas e agentes de segurança, além de manchar a imagem do país.
O julgamento é sensível porque envolve militares de alta patente acusados de conspirar contra a democracia. Nesta etapa, serão julgados Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, delator da trama, e generais de quatro estrelas como Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto, além do almirante Almir Garnier.
O histórico pesa contra Bolsonaro, que durante o governo construiu uma jornada de abusos e crimes: tentou barrar investigações da Polícia Federal, Coaf e Receita Federal sobre aliados e familiares; esteve envolvido na negociação da Covaxin, vacina indiana, com esquema de superfaturamento de um dólar por dose; foi omisso diante da pandemia, agravando a tragédia nacional; promoveu o orçamento secreto para comprar apoio de parlamentares corruptos; aumentou impostos sobre alimentos básicos enquanto reduzia tributos de artigos de luxo como Jet Sky; desmontou o SUS, a Educação e o programa Farmácia Popular; estimulou a devastação da Amazônia, que causou a morte de bilhões de animais e desequilíbrio climático; e se omitiu diante do massacre de povos indígenas.
Após a derrota eleitoral em 2022, os acampamentos golpistas se tornaram incubadoras dos atos terroristas de 8 de janeiro de 2023. Da porta do Quartel-General em Brasília partiram grupos que atacaram o Congresso, o Palácio do Planalto e o STF. Mesmo generais reconhecem que foi um erro permitir que os acampados permanecessem ali, mas alegam que o ambiente político sob Bolsonaro bloqueou medidas mais firmes.
A postura atual das Forças Armadas, de repressão imediata a qualquer tentativa de repetir o caos, mostra que a tolerância acabou. Resta agora ao STF julgar com rigor não apenas os executores, mas também o ex-presidente que incentivou, estimulou e liderou a maior ameaça recente à democracia brasileira.
Matéria: Aurélio Fidêncio
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