“Serial killer” de Votorantim desfigurava vítimas semelhante ao Maníaco do Parque

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SERIAL KILLER DE VOTORANTIM CUMPRE PENA EM ITIRAPINA

A Polícia Civil de Sorocaba, juntamente com a de Votorantim, apresentou, nesta manhã de segunda-feira (13), detalhes sobre o autor de quatro feminicídios, inclusive, considerado como ‘serial killer’ por responsáveis pela investigação.

Everton Júnior Soares, 27 anos, conhecido como “Mexicano”, que trabalhava como servente de pedreiro, foi detido em fevereiro e teve prisão preventiva decretada em maio deste ano. Ele está preso na Penitenciária de Itirapina.

Segundo a polícia, Soares cometeu quatro assassinatos, sendo todas as vítimas mulheres, entre os anos de 2014 e 2017.

Concederam a coletiva os delegados: titular da Seccional Sorocaba, Marcelo Carriel; titular de Votorantim, Marcelo Munhoz; e assistente de Votorantim, José Antonio Proença.

Delegados José Proença, Marcelo Carriel e Marcelo Munhoz / Foto: reprodução

Modus Operandi e mortes

O criminoso selecionava as vítimas e as atraía oferecendo drogas. Na sequência, as conduzia até um local aberto como construções abandonadas ou terrenos baldios e as golpeava na cabeça com pedras e pedaços de madeira. A hipótese é de que, como o assassino seria impotente sexual, buscava prazer ao matá-las. “Essa é a linha que foi montada. Ele não conseguia ter relação com as vítimas”, disse o delegado titular da Seccional.

O assassino cometeu todos os seus crimes num raio de distância de dois quilômetros de sua residência, na Vila Garcia, em Votorantim. Três das vítimas tiveram o rosto desfigurado. Em duas o criminoso ateou fogo na face. A maioria dos corpos estavam despidos. Todas morreram por traumatismo craniano.

O pai do jovem, Edson Soares, de acordo com a polícia, chegou a ajudá-lo no último homicídio e também está preso. Carriel ainda afirmou que, em nenhum momento, durante toda a investigação,  o detido demonstrou arrependimento de seus crimes. Em certo momento, o delegado destacou que, se não fosse preso, Soares dificilmente iria parar a matança.

“Semelhança com o Maníaco do Parque”

Apesar de declarar que Soares supostamente é impotente sexual, a polícia informou haver, em duas das vítimas, sinais de tentativa de agressão sexual na região pélvica por meio de um objeto pontiagudo. Em nenhuma delas foi comprovado estupro. Questionado se esse fato do crime lembrava os crimes de Francisco de Assis Pereira, o ‘Maníaco do Parque’ – que estuprou e matou aproximadamente oito mulheres e foi preso em 1998, Carriel confirma que alguns pontos são similares. “Existe alguma semelhança sim. A forma de agir era sempre a mesma, atraía a vítima. Ele deixava a vítima despida […] Só que no maníaco havia relação e, nesse caso, não”, afirmou.

Quem são as vítimas

Jessica Roberta Pereira, 30 anos, a primeira vítima, foi morta em 19 de maio de 2014. Ela tinha passagem policial por furto. Após ser agredida, chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos.

Jessica Roberta Pereira, a primeira vítima

Rosângela da Cruz Silva, 50 anos, segunda vítima, morta em 18 de abril de 2015, morava no bairro Jardim Archilla, a poucos quilômetros da casa do serial killer.

Rosângela da Cruz Silva, 50 anos, segunda vítima

Lúcia Yumi Ukai Fukami, 52 anos, morta em 19 de março de 2017, foi encontrada em uma construção abandonada. Ao seu lado estava uma pedra utilizada para matá-la. Ela foi a única vítima que não teve sua foto divulgada.

Pedra utilizada para agredir e, consequentemente, matar Lúcia / Foto: divulgação/Polícia Civil

Mara Aparecida de Faria de França, 44 anos, morta em 21 de dezembro de 2017, conhecida como sendo a última vítima, morava no Jardim Bandeirantes, em Votorantim. Seu corpo foi encontrado em uma quadra de esportes, após sair de um bar na companhia do assassino e do pai dele. Por meio da solução deste caso foi possível decretar a prisão preventiva do assassino.

Mara Aparecida de Faria de França, última vítima conhecida do serial killer / Foto: Arquivo pessoal da família

A prisão

Uma vítima sobrevivente ao ataque prestou depoimento sob proteção policial e foi testemunha chave para a solução do caso e captura do suspeito. A mesma, identificada como garota de programa e que estava grávida à época, disse à polícia que ele tentou transar com ela, mas como não conseguiu consumar o ato, pediu o dinheiro do programa de volta e a ameaçou encostando uma faca em seu estômago dizendo que faria com ela “o mesmo que fez com a Jéssica”.

Com o depoimento da sobrevivente, a investigação conseguiu traçar o perfil do suspeito, chegando assim a Everton Soares.

Versão do suspeito

A imprensa acompanhou o momento em que Everton sai da carceragem da Delegacia Seccional para entrar na viatura do Garra (Grupo Armado de Repreensão a Roubos e Assaltos) e ser encaminhado à Penitenciária. Ele negou ter cometido os crimes e insistiu em dizer “que é tudo mentira. Nunca fiz isso”.

A polícia afirmou haver provas contundentes de Soares como autor dos quatro homicídios, inclusive com testemunha sobrevivente. Carriel enfatizou que, com a prisão do suspeito, as mortes de mulheres cessaram. Com os inquéritos concluídos, a denúncia segue para a Justiça. A pena para cada feminicídio (assassinato de mulheres), varia de 12 a 30 anos de reclusão.

Edição: Aurélio Fidêncio
Matéria: Alana Damasceno
Fonte: Jornal Ipanema
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